Dados do IBGE de 2019 apontam que menos da metade dos brasileiros havia visitado o dentista no ano anterior ao levantamento. Além disso, no mesmo período, 34 milhões de pessoas com mais de 18 anos haviam perdido 13 dentes ou mais e outros 14 milhões, todos eles. Esta é a consequência de outro dado alarmante: 89% dos brasileiros escovam os dentes menos de duas vezes ao dia. Preocupante, não?

Muito, ainda mais quando fazemos um recorte para Breves (PA). Durante o diagnóstico realizado pela Rede Mondó no município, 52% dos entrevistados afirmaram nunca ter ido a uma consulta odontológica; 15% disseram que não iam ao dentista há mais de dois anos e 14% tinham ido a uma consulta há um ou até dois anos.

Embora o Brasil seja o país com o maior número de dentistas do mundo e possua ótimas iniciativas de cuidado para a saúde bucal, o cuidado com o sorriso ainda é muito negligenciado e o acesso a esses profissionais é difícil —sobretudo por questões econômicas. Tanto isso é verdade que, também em 2019, aproximadamente 82% dos atendimentos odontológicos foram realizados em consultórios particulares e 18% em unidades básicas de saúde.

Fica evidente, portanto, a necessidade de viabilizar o acesso ao consultório odontológico em localidades onde a população tem mais carência.

ALÉM DA ESTÉTICA

O cenário é alarmante porque o cuidado com a higiene bucal vai além da estética. Você já deve ter ouvido aquela frase, bem clichê, de que “a saúde começa pela boca”. Ela retrata a mais pura verdade: dados do Instituto do Coração (Incor) de 2019 apontam que 45% das doenças cardíacas têm relação com infecções bucais.

Ou seja, uma boa saúde dentária assegura qualidade de vida em vários aspectos, principalmente na segurança alimentar e na autoestima.

Há, é claro, meios alternativos de se assegurar o mínimo cuidado com a boca da população: uma alternativa barata e eficaz, recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é a fluoretação da água tratada disponível para o abastecimento público para a prevenção às cáries. No entanto, lugares com deficiência no sistema de saneamento básico, infelizmente, perdem essa medida.

O PAPEL DAS ESCOLAS

Mesmo sabendo que grande parte da população fica sem assistência e acesso ao cuidado com a higiene bucal, é necessário, sempre, sensibilizar a todos sobre a importância da saúde dental. Trabalhar o tema nas escolas é imprescindível para gerar conscientização, afinal de contas, o rito de passagem dos dentes de leite para os tão esperados dentes permanentes ocorre por volta dos seis anos de vida, idade em que as crianças devem estar estudando. Por isso, a sala de aula é o ambiente oportuno para tratar do tema.

O programa federal “Saúde na Escola” faz este trabalho, mas todas as estatísticas mencionadas até aqui revelam a necessidade de reiterar e reforçar as orientações, principalmente promovendo ciclos de qualificação dos professores e disponibilizando insumos como escovas, fio dental e pasta de dente para que as ações sejam eficazes. As políticas públicas são essenciais, mas precisamos despertar o interesse da população para usufruir do atendimento gratuito constitucionalmente garantido.

Outra medida importante é disponibilizar, nas escolas, água potável fluoretada ou suplementos de flúor em locais onde ele não seja aplicado na água oferecida pela rede pública.

Além do que abordamos até aqui, vale consultar algumas dicas e instruções voltadas aos professores em um guia disponibilizado pela Colgate. Consulte aqui.

Texto: Francine L. Zanetti (Rede Mondó)
Edição e Revisão: Diógenes Santos (ANUP)
Foto: Freepik