Falar em Diagnóstico do Território, em um contexto que insere as organizações do Terceiro Setor, implica, automaticamente, em reconhecer quais são os desafios que uma comunidade enfrenta, as raízes desses problemas e o que pode ser feito para contorná-los.

Em Breves (PA) os desafios são inúmeros e surgem diariamente. E a Rede Mondó aposta na Educação para resolvê-los. Em mais uma iniciativa neste sentido, a organização começou uma série de vídeos sobre Saúde da Mulher em colaboração da Dasa, uma das parceiras do projeto.

A ideia surgiu após uma rodada de capacitação na área com a obstetriz Anacláudia Capanema, realizada no mês de Março de 2023 em alusão ao Dia Internacional da Mulher. Naquela oportunidade, a série de encontros reuniu mais de 500 brevenses. Durante as conversas, vários assuntos sugeriam que aqueles eventos não seriam suficientes para o nível de esclarecimento que as pessoas precisavam.

Percebendo esse comportamento e juntando as informações coletadas no diagnóstico territorial e de outras capacitações realizadas de 2020 até aqui, o núcleo de Saúde da Rede Mondó vislumbrou que era necessário levar a informação a mais gente do que seria possível com os encontros presenciais.

Assim, surgiu a websérie “Saúde da Mulher”. A iniciativa consiste em produzir e disseminar cinco vídeos com os temas Amamentação, Abuso e Violência Sexual, Pobreza Menstrual, Pré-Natal e Cuidados na Gestação, Puerpério e Planejamento Reprodutivo. Os três primeiros já estão prontos.

Além da Dasa, que entra como financiadora, o projeto também resulta de uma parceria da Rede Mondó com as secretarias de Saúde e Educação de Breves.

TABUS

“Nós percebemos muito tabus em torno da Saúde da Mulher, sobretudo em questões relacionadas à saúde reprodutiva e à violência sexual. Muito da compreensão que os brevenses têm dessas questões tem influência direta da falta de informação”, explica Fracine Zanetti, coordenadora do Núcleo de Saúde da Rede Mondó.

Ainda que esteja disponível no YouTube, a ideia é distribuir o conteúdo entre figuras como parteiras tradicionais e agentes de saúde. Não só por questões de dificuldade tecnológica, mas também porque essas figuras têm alta representatividade entre a população.

“Todos eles serão disseminadores do conteúdo em vídeo, mas de todos os formatos nos quais vamos desmembrar essa informação para que ela chegue ao maior número possível de pessoas”, explica Francine. Entre as estratégias está o uso de grupos de WhatsApp. “Queremos, principalmente, que as parteiras se apoderem desse conteúdo e repassem às mulheres que atendem”, acrescenta.

Responsável pelo conteúdo dos vídeos, a obstetriz Anaclaudia Capanema reforça que a websérie foi pensada para vencer a dificuldade logística que é falar para um grande número de pessoas em Breves. ”É uma estratégia que funciona independentemente do trabalho in loco, mas que o reforça”, pontua.

SENSIBILIZAÇÃO

Apesar disso, ter ido ao município foi crucial para definir a abordagem que ela deu aos temas dos vídeos. “Entender a dinâmica de vida da população, com as diferenças culturais e socioeconômicas foi importante para encontrar o caminho dessa conversa. Mais do que transmitir a informação, o desafio é sensibilizar as pessoas para mudar atitudes”, pontua.

A série estará completa em janeiro de 2024. Além dos vídeos, haverá a distribuição de cartilhas como complemento às orientações. A ideia é, também, variar nos formatos para que o conteúdo chegue de maneira acessível e inclusiva, como o desenvolvimento de um podcast.

“É importante fazermos a informação de qualidade e atualizada, circular”, frisa Francine.

“Nossa maior mensagem é dizer para essas mulheres que nós nos importamos com a saúde delas, que elas não estão esquecidas e que a Rede Mondó é onde elas podem encontrar informação, ter educação, encontrar acolhimento e apoio”, reforça Anaclaudia.

Assista aos três primeiros vídeos aqui.